Desde que a Suprema Corte da Índia anulou a decisão do banco central de interromper o fornecimento de serviços bancários a usuários de criptomoedas, a adoção vem crescendo de maneira notável.

Assim como Gana, Argentina e Filipinas, o segundo país mais populoso do mundo está agora entre os mercados emergentes que vêm apresentando recordes de transações P2P de Bitcoin, sendo a instabilidade da moeda local um dos principais fatores para esse crescimento. 

Para alguns investidores indianos, investir em Bitcoin foi uma opção segura para armazenar sua riqueza e minimizar as incertezas causadas pela desmonetização e uma possível proibição do ouro. 

A retirada das restrições que haviam sido impostas pelo Reserve Bank of India, a qual havia ordenado às instituições financeiras que evitassem trabalhar com empresas relacionadas a criptomoedas, parece ter desencadeado uma demanda reprimida, o que é identificável pelo aumento dos volumes em exchanges P2P, como Paxful e LocalBitcoins.

Desmonetização

Em 2016, a Índia passou por uma desmonetização, quando o primeiro ministro invalidou sem aviso prévio 86% do dinheiro em circulação, solicitando aos indianos entregar notas de 500 e 1.000 rúpias.

Essa mudança arbitrária incentivou os indianos a usarem serviços como o Google Pay e familiarizou os indianos às transações digitais e a também aprenderem o valor de ter Bitcoins.

Com tais medidas, a exemplo de outros países que passam por situações parecidas, a Índia tem demonstrado crescimento exponencial nos volumes de negociação de criptomoedas. 

Os volumes de negociações P2P na Índia dispararam desde que a Suprema Corte do país suspendeu as restrições bancárias para o câmbio em março.

De acordo com os dados de volume de Paxful e LocalBitcoins da Coin Dance, o volume de comércio peer-to-peer de Bitcoin da Índia atingiu um recorde histórico em julho.

A negociação de Bitcoins na Paxful e na LocalBitcoin, somados, ultrapassou os US$ 4 milhões, batendo o recorde anterior de US$ 2,9 milhões em dezembro de 2017.

Muitos indianos convertem seu INR em Bitcoin e depois em dólares americanos usando essas duas plataformas.

Segundo o relatório da OKEx, há três principais fatores para esse crescimento:

Além desses três motivos, há outro também muito forte. A Índia hoje conta com uma enorme população de desbancarizados. Isso porque aproximadamente 190 milhões de pessoas não possuem acesso a serviços financeiro.

As criptomoedas têm se provado cada vez mais como uma saída e representando a liberdade para a população de países em situações similares à da Índia.

O infográfico a seguir mostra o acesso universal a serviços financeiros em 2020. 2 bilhões de pessoas não possuem acesso a contas para transações. Na Índia, 20,6% da população são excluídas financeiramente. 

A Índia, assim como Argentina e Venezuela, é um exemplo de país onde os criptoativos têm sido vistos como uma saída contra a depreciação da moeda local. Esses mercados têm grande potencial e importância para o futuro da criptoeconomia, com o Bitcoin representando grande oportunidade de inclusão e liberdade financeira.

Graças à expansão de novas tecnologias que permitem cada vez mais às pessoas terem acesso à internet em diversas áreas, como as rurais, é possível que mais pessoas conheçam a liberdade que as criptomoedas representam. Maior acesso à internet e a dispositivos móveis, como está acontecendo na Índia, pode verdadeiramente sinalizar o início de um grande ciclo de adoção. Em breve, a população de muitos outros países reconhecerão os benefícios da utilização das criptomoedas, expandindo assim a adoção dessa grande inovação monetária e social.

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